DeTUDO...MUITO
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Quando não se sabe mais o que fazer...
A única coisa a fazer
É ver se fez tudo o que podia ter feito...


Que falou o que queria
O que não queria
O que sentia...
E o que cansou de sentir...


Quando o problema é você
Fechar a concha não resolve nada
Haja vista as pérolas  tão perfeitas
Virem da dor lá de fora...


Que eu achei que você não desistiria - você já sabia.
Que eu me mordia de ciúmes - ninguém sonhava
Que eu morria de sono, mas morria mais rápido se não te visse - eu escancarava


Mas você desistiu;
Meu ciúme me mordeu a jugular
E morri, bem rápido...


Um tiro na nuca é mais rápido e indolor...
E ainda assim, eu preferiria ter morrido de amor...

O retalho de 2011...

    Hora de costurar...
    Fim de ano chegando, pegue a agulha; não muito fina prá não quebrar no caminho do alinhavo nem muito grossa para não estragar o tecido da vida!
    Pegue o retalhinho de 2011 e una, com pontos bem juntinhos (como o foram os meses desse ano) aos que já estão costurados na colcha da sua vida.
    Ah certo...ano novo vida nova não é? Não! Sinto muito informar que você NÃO será uma nova pessoa, sua vida NÃO será um novo livro cheio de páginas imaculadas onde poderá resenhar mais 12 meses...
    Você, caríssimo leitor, não é uma colcha novinha. Você é a colcha de retalhos que você mesmo costurou ao longo dos anos. Você é 2010, 2009 e assim por diante...(ou trásdiante, não sei...). Quando o relógio marcar meia-noite; você começará a delinear o retalhinho de 2012. Esqueça a ilusão de que ficou tudo para trás...Nada fica para trás. Fica tudo na sua colcha...
    Alguns retalhos são mais finos, mais delicados, mais estampados, mais densos, mais escuros...mas são você! Trazem o que houve de bom, de ruim...mas estão bem alizinho, te mostrando e te lembrando sempre! Isso é ruim não é? Não!!
Isso só será ruim se você não souber lidar com a agulha que escolheu prá costurar sua vida; aos poucos, aos pedacinhos, aos retalhinhos...
    Fico fascinada com minha colcha! Tantos sorrisos sinceros, tanta intensidade, nas alegrias e nas tristezas; tanta sinceridade em cada sentimento! 
Tantas lágrimas de felicidade mesmo ao descobrir que, através de uma tristeza eu descobri algo bom depois!
Minha colcha tem pessoas lindas, fantásticas, necessárias sazonal ou permanentemente. As que vieram prá ficar, as que ficaram o tempo necessário... Há pessoas que ainda não vieram...mas isso...ah isso são outros retalhos!
    Ah é! Esqueça também o lance de querer planejar os retalhos para que sua colcha fique ton sur ton. Não planejamos os retalhos de nossas vidas! Salvo por coisas que só dependem de nós...o formato, a cor, o tecido, tudo isso vai sendo definido ao longo do ano caro leitor...esqueça as combinações...Combine com você mesmo que fará do seu retalho futuro o melhor que você puder...
    Costure bem juntinho, bem firme, para que seus retalhos não fiquem soltos, frouxos, como uma colcha feita às pressas, sem carinho por você mesmo! Minha colcha tem 30 retalhinhos só. Mas o que mais importa é em quantos retalhos eu estou! Estou nos poucos retalhinhos das minhas filhas...nos inúmeros retalhos dos meus pais...alguns retalhos de grandes amigos, enormes amores...
    Costure 2011 na sua colcha e reflita: Em quantos retalhos mais você gostaria de estar?
    Não se esqueça de arrematar a costura com firmeza, segurança, ciência de que aquele é um retalho de você e portanto, preso serenamente ao seu ser. Arremate, corte o excesso de linha (assim como todos os excessos) e aprecie sua colcha...um retalhinho maior...
    Direto da atividade gratificante de costurar meu retalhinho do ano que finda, eu desejo, com toda a sinceridade que me é possível que o próximo retalho da sua vida seja bonito como o dia que começa, infinito como o olhar de quem ama, aconchegante como o colo que se dá à filha que dorme; seguro como o colo que nos dão quando precisamos.



O carro do meu pai...

      E foi bem assim que ela me olhou bem segura de si e perguntou:


- Seu pai é aquele que tinha um Palio cor de ovo de codorna né?


      Ok. Lembrei-me de todos os ovinhos de codorna que já vi em minha vida. A Fiat também não lançou modelos estampados. Pensei naquele lance do daltonismo, mas daí...poxa! O negócio é com verde e vermelho e só atinge homens não é? E eu me lembro de ouvir minha mãe dizer que o carro era Cinza Chumbo! Tudo isso em milésimos de segundos antes de eu me virar e responder toda sorridente:


- Era sim!


      E saí de costas, lentamente...até chegar no meu carro. Vermelho. Vermelho de vermelho mesmo...sem ovo de nada. Só aí dei as costas. Vai saber né??

Internação!!

Primeiro dia de hospital. Legal. O quarto é grande, banheiro espaçoso, TV enorme e...sem TV a cabo. Sorriso compreensivo. Ok, ok, ok. Não verei muita TV então esses dias.  Aliás, nem serão “esses dias”... Já já vou embora porque é óbvio que descobrirão rápido o motivo da minha perna esquerda destoar da cor normal do resto do corpo (alguém que não toma sol há anos tem uma cor normal, certo?). E eu não combino, definitivamente, com aquela camisola azul.
Anotação: pedir para trazerem meus “baby dolls”, meus brincos e anéis e chinelinhos combinando.

Sábado. Segundo dia. Preciso inverter meus conceitos. O café vem sempre frio e a fruta sempre morna. Certo. É interessantes experimentar tudo de formas diferentes né?
Meu médico de sábado é indiano e fala com sotaque forte. Ele não parece diferenciar meu busto do meu rosto, o que me fez ficar em dúvida – será que tenho duas caras?? Leve impressão de que não leu meu prontuário; caso contrário não teria perguntado qual era o meu problema. Os médicos deveriam explicitar mais suas dúvidas. Eu quase desatei a contar como meu saldo no banco ficou negativo e como me sentia sozinha em dias de decisão do Brasileirão. Só então me toquei que deveria desviar a atenção dele do meu busto prá minha perna estranhamente enorme.
Observação: as pessoas do meu corredor não trouxeram pentes.

Terceiro dia. Domingo. Descobri como faço prá me desligar sozinha do soro e poder ir ao banheiro sem aquele poste rodando comigo pelo quarto. A enfermeira sai e eu zupt! Me solto das minhas amarras plásticas e fico andando pelo quarto. O departamento de informática me informa que a internet não é liberada para os pacientes e eu penso seriamente em pedir transferência para um hospital que me dê acesso à minha vida virtual. Meu médico indiano chega e me pega numa TPM hospitalar. Segue o diálogo:
- Acho que vou te dar alta.
- Que bom! O senhor acha que já melhorei?
- Não.
Silêncio. Na Índia as pessoas vão ao hospital para ficarem piores e serem liberadas? Não, não falei nada disso. Insinuei delicadamente que eu achava melhor isso não acontecer e sim! Vou procurar outra equipe médica e processar você em farsi!! Pela primeira vez meu busto pareceu ameaçador e ele pediu um monte de exames, mudou a medicação e mandou um cirurgião vir me ver.
O cirurgião veio quase no final do Flamengo X Vasco. Flamengo pelo empate, Vasco pela vitória e pela derrota do Corinthians (Confesso, era isso ou o programa da Eliana. Quem pode me culpar?). Entre uma olhadela no jogo e uma seringa com 20ml de minha alma ele terminou o procedimento e disse: Está pronta prá outra! Onde foi que ensinaram humor na faculdade deste cara?!
P.S.: Desconfio que a comida daqui é estratégia para aumentarem os dias de internação. Claro como o dia que ficarei pior se comer mingau de Neston feito com leite de soja.

Certo. Quatro dias de hospital e já entendi que nenhuma das enfermeiras vai topar me trazer uma Skol escondidinha por baixo daquele tanto de toalhas e fronhas e panos que trazem quando vem me ver.  Tentei com o cirurgião... Vai que cola né? Ganhei uma agulhada mais contundente na punção... Há que entender que um palmeirense vendo o Corinthians ser campeão não é lá agradável...
Esvaídas minhas esperanças da Skol fiquei surpresa ao ver meu médico indiano no meu quarto. Hoje não é plantão dele. Enfim, deixei claro que existe um pacote de apertos na perna de agora em diante. Cobrarei pelos apertos a mais já que, claro, com tantos lugares mais interessantes para apertar, todos insistem em me apertar onde eu JÁ SEI que dói poxa!!
A enfermeira vem me perguntar se já tomei banho (todos os dias elas perguntam). Pedi prá ela entrar, fechei a porta e perguntei com cara de Al Pacino quando pediu a moça italiana em casamento: Vem cá, se eu vou passar o dia aqui, não tenho compromisso marcado com ninguém por que diabos vocês querem que eu tome banho todo dia às oito da manhã??
Chorei no final do filme da Sessão da Tarde. Preciso de um psiquiatra.
O moço vem me buscar para o Doppler. Chega na porta com uma cadeira de rodas e diz: Vamos? Respondo melancólica: Já recebi convites mais românticos, mas vamos lá, fazer o quê né?
Lembrar: não guardar as jóias no cofre sem configurar a senha antes. O segurança não me olhou com bons olhos hoje.

Quinto dia. Hoje eu me rebelei. Tomei café da manhã e voltei a dormir. Não, não deixei ninguém me mandar tomar banho, ou limpar meu quarto ou arrumar minha cama. Dormi até tarde, passei lápis nos olhos, batom e escolhi outra camisola no intuito de ver se animo minhas colegas de cateter a abolirem a camisola azul.
Sem internet, me recusei a assistir à Sessão da Tarde hoje. Se eu chorar nesse filme, decididamente, precisarei de acompanhamento psicológico.
A moça que traz a comida (e a inevitável desolação) acabou de entrar toda feliz.
- Olá! Como estamos?
- Depende. Se você me trouxe mingau de novo, não estamos.
Toda pessoa internada é surda. Imagino que deva ser um cartaz na área das enfermeiras avisando-as disso. Só isso explica o fato de elas abrirem a porta do quarto fazendo muito barulho às quatro da manhã e dizer em voz alta: Oi meu bem, vamos fazer a medicação? Resposta sugerida pela autora: Não, faremos aula de etiqueta, certo “meu bem”?
Fim do quinto dia. Você sabe que precisará de ajuda quando joga FreeCell no computador 11 vezes e ganha as 11...

Sexto dia. Nada de clonagem como no filme. Aliás, nem seria má idéia. Deixaria o clone aqui, cheio de fios e iria lá embaixo comer sanduíche de filé e batatas fritas. E voltaria hipertensa... Eu sei, eu sei...
Estou olhando, curiosa, para o que meu ex marido me trouxe. Pedi um pijama de cetim branco para trocar de roupa hoje. Ele conseguiu achar uma lingerie branca cheia de rendas. Será que ele acha mesmo que usarei isso no hospital??
Droga. A enfermeira me pegou sem os fios; em meio a uma escapada das amarras plásticas. Fico pensando se a punição será mingau em dobro hoje à noite.

Sétimo dia. Meu médico pediu exames de sangue pela manhã. O que, claro, fez com que me acordassem mais cedo, me furassem como quem espirra e saíssem. Fiquei com cara de bater foto sentada na cama sem entender direito o que houve.

Oitavo dia. Logo que os exames ficaram prontos, ele veio. Meu médico (o outro) tem 1,90 de altura e eu fico meio com torcicolo quando temos que conversar.
Avisei logo; se não tiver alta, preciso urgentemente de visitas íntimas, como na cadeia. Ele me olhou como se ouvisse aquilo pela primeira vez (de uma paciente acho que foi mesmo).

Agora não posso ter alta. Interne-me na ala psiquiátrica.

Que a dama da noite perfumou o chocolate do seu beijo...
Mas as pétalas perderam o branco;
As folhas desesverdearam
Tiraram com pena a raiz...
Ficou o veludo da sombra fresca que abrigou do calor do mundo lá fora.

Como o chocolate que derreteu mais nem... o cheiro que passou lá longe...

Despedida

Fiquei com sono por fazer seu dever de casa;
De me ligar por vc
De me amar bem muito qdo vc pensava em mim.
Parei de te mudar de Estado.
Ficou em algum lugar entre Brasília e o líquido...
Meu sorriso doeu de te sorrir prá mim
E te expliquei prá mim tantas vezes
Que sua voz na minha boca virou nem sua mais.
Bocejei de tanto pensar em como seria morar ao meu lado.
E meu beijo já não me acordava mais no meio da noite.
Te contei que algumas coisas a gente é que faz.

E falei baixinho...que tava indo embora.

Pago as contas com amor...
Aconselho com equiíbrio.
Divido com carinho
Somo com atenção...
Abasteço com gasolina, embora seja flex!
Mas vivo de amor...me encho e me esvazio amorosamente
E sinto sair da boca, das mãos...amor que puro só.
Porque prá todo o resto há um substantivo comum...
Mas se não estou amando...ah...dou um jeito de amar...
Porque o amor é meu ar!
Se você não consegue me abastecer assim, de amor bem muito e meu...
Deixa passar, dá licença...
Que preciso ir ali viver...
Conviva com sua covardia...
Que eu vivo desse bem querer...

Posse

Há muito que reflito silenciosamente sobre estar com alguém. E, em verdade, não falo de namoros, casamentos...penso nisso de foma geral...os amigos, os familiares...nossos filhos...E essa reflexão começou após terminar a leitura do livro Ninguém é de Ninguém, da autora kardecista Zíbia Gasparetto.
E a partir daí, meu objeto de reflexão se aplica mesmo de forma mais concisa aos elos afetivos, seja com a namorada ou a esposa.
“Ela é minha esposa”, “Ele é meu namorado”...
Falamos isso de forma tão natural e algumas vezes o dizemos sem um sentimento de posse explícito. No entanto, faz-se mister pensar da seguinte forma: Quem define a posse? Onde se lavra a escritura de alguém em nome de outra pessoa? Quando começamos a pertencer? A ter uma etiqueta emocional que mostre que “sim ...ele é meu”?
Embora esse texto reflita um posição bem particular e pessoal, atrevo-me a compartilhá-la, ansiosa por correr o risco de ser par ou ímpar com diversas opiniões.
Não se tem alguém! Não compramos a pessoa, não desembrulhamos e colocamos na estante ou na bolsa! Não possuímos alguém! A posse não é perpendicular ao amor...Posso no máximo, conceder à ela ser um paralelo, haja vista a necessidade que a posse tem de encontrar quem a considere parte essencial de seu relacionamento. A teoria é muito linda...muito romântico, mas há que deixar claro dentro de si, que são palavras destinadas à encantar e não informar. Não decreta-se a posse de alguém...”sou seu”, “sou sua”, deve ser encarada como uma declaração doce de carinho, de amor...mas jamais como um atestado de posse.
Não temos um namorado...estamos com o namorado...estar com alguém demonstra claramente o uso da faculdade do livre arbítrio. E isso basta, ou deveria bastar. Estar com uma determinada pessoa mostra que foi escolha sua, que você está ali porque quer, porque foi opção sua, pensar, amar, se dedicar àquela pessoa, sem no entanto, ter um cartão de ponto afetivo.
Quantas discussões, penso eu, seriam evitadas se todos estivessem com alguém; e não tivessem alguém! Penso que estar com aquela pessoa demonstra muito mais seu afeto...do que ser daquela pessoa. Porque demonstra o afeto e o respeito primeiro por si e depois pelo outro, e isso fecha uma corrente com elos mais fortes, mais transparentes e invioláveis.
Estar com alguém é contar quem é você, é deixar o outro escolher estar com você. É experimentar a verdadeira liberdade: a de ter a coisa mais importante do mundo, sem possuí-la.

     Pois o amor mais forte...é o que, consegue, ciente de sua natureza, demonstrar sua fragilidade.


Perdoa...

Como me pesa a alma!
Como sofre o coração
A paixão do passado veio à tona
Atormenta agora a paz de outrora

A tez trigueira e saudável
Arrasta meu olhar amante
Eu, que até então pensava ser o presente louvável
Quero agora o passado errante

Errante, e como não o seria?
Se enquanto em lágrimas minha alma esfacelava-se
Apaixonada eu lhe sorria
Jurando-te amor enquanto você me deixava

Dou-te agora meu perdão
E espero que me perdoes igualmente
Deixa agora meu coração, curado
Dedicar-se ao amor presente

Não me culpes
O desamor não é meu
Faz parte de nós agora
Pelo que fizemos um ao outro anteriormente

Amo-te ainda
Mas assim não o será
Não ferirei ninguém mais
Como fiz já por você

Leva contigo meu amor
Parte que é de minha alma
Não me olhes desse jeito
Não cultive o ódio
Nosso amor será secreto
E somente em pensamento existirá

Da ironia de querer

    E o mundo começa a girar quando o telefone toca.
    E em horas de conversa, o silêncio ocupa a maior parte...um silêncio cúmplice, um carinho subentendido, um "eu-sei-o-que-você-está-pensando" disfarçado.
    Riso solto, gostoso, sincero. Conta as coisas do teu dia, pergunta como foi o dia dele. Fala prá ele não rir, mas você conversa sozinha com ele no carro. E ele ri. E você faz voz de brava só prá ouvir "não fica assim linda...desculpa". Que desculpa assim é gostoso que nem domingo à tarde no sofá.
    Conta que foi ao cinema. Ele teve problemas com o carro. Ela diz que vai lá mês que vem. Ele, que fica pensando em como seria...Que estava cheio no trabalho hoje. Ela diz que ficou esperando ligar. Poxa, não deu. Desculpas e tals.
    Nem se dão conta...que o tempo passou. Maior do que aquelas horas, ele levou nas asas o que teria sido. O que teriam feito. O quanto teriam sentido.
    Ele diz que não vem mais. Ela diz que é melhor assim. 
    Ele, que não esquece. Ela, que nem vai tentar.
    E o mundo parou às 06:55.

Que ela andou pensando muito. E cansou de tudo isso.
Perdoa o sorriso dela, que já não é mais o mesmo e ainda te encanta.
Desencanta então...que ela precisa de mais do que encanto.
A mesmice a irrita...





Porque cada sorriso de uma criança é o sol nascendo...
E cada travessura um raio deste sol.
E como o sol, elas são intrinsecamente necessárias...
Para que nos lembremos do ciclo perfeito da vida com amor.


Para que não nos esqueçamos de crescer guardando um pouquinho do sol nascendo com a gente ;
E chupar pirulito de vez em quando;
E desenhar no vapor do box após o banho;
E comer o recheio do biscoito antes.


E dar abraço sem que tenham nos pedido;
Dividir o sanduíche debaixo da árvore;
Dar o milésimo beijo como se fosse o primeiro;
E amar o pai e a mãe porque eles são amigos do Papai Noel e do Coelhinho da Páscoa.







Sinto falta do que não sei se existe.
Quero o que não me foi ofertado.
Como o beijo prometido
Sentido, bem quisto...mas nunca provado...


Desejo o que está longe de direito...
E perto de fato.
Que ninguém saiba que assim o sinto...
Que nem ele saiba...o quanto é esperado...


Que se ele souber, desfaz-se o encanto...
Que se alguém contar, perde o jeito...
E se me perguntar, mudo de assunto...
Continuo sentindo o beijo dentro do peito...



Filme em mim...

Hoje eu assisti a Tristeza.
Ela estava passando no canal aberto da minha TV, ligada na tomada do coração; com áudio e imagem perfeitos.
Eu não conseguia mudar de canal. Era involuntário assistir. Junto com a Tristeza, havia uma atriz coadjuvante (Melancolia Indefinível) que vinha, vez por outra, dar uma pitada de silêncio na cena.
Aí está um canal que não assisto muito. Sou mais fã dos canais Alegria Sempre e Bola prá Frente; mas fazer o quê se de repente a programação ficou falha??
Entendi que alguns programas são necessários vez em quando...resolvi assistir.
Apaguei as luzes internas...fechei os olhos da alma...e me deixei anestesiar pela Reflexão. Assisti o filme quase todo, num estado de estupor impressionante, onde via tanta coisa passando pela tela do meu coração! 
Deixei-me ser só sentimento. Chorei-me bastante. Agoniei-me tanto com o formigamento das minhas mãos, incapazes de enxugar as lágrimas...
Vontade de nem ser mais, nem estar mais.
Filme intenso, tão meu...daqueles que se quer ver sozinha, sem ninguém por perto prá perguntar e a gente nem responder...sabe?
Assisti quietinha a Solidão chegando perto da Tristeza, sorrateira...Tristeza sem saber de onde vinha a sensação de estar só (às vezes eu queria a Solidão mais ausente de minha tela...).
Fiquei curiosa quando vi tantas e tantas cenas onde me via (parece comigo a atriz...) centenas de vezes respirando automaticamente, agindo maquinalmente, visando só chegar ao fim do dia e cumprir a agenda social...eu não vivi aqueles dias...eu sobrevivi à eles. Foi só material, só conseguir pagar, comprar, fazer...Nada de sentir, respeitar a mim, refletir sobre algo e não algo...
Me vi enterrada inconscientemente em uma sociedade do valor, do pago...da alma embalada à vácuo! 
Sobreviva, não importa se isso faz ou não feliz. Não importa ser feliz, mas aparente estar! O próximo precisa de você feliz, ele não vai lhe perguntar se está de fato. Pareça. Pereça.
Olhei prá janela na cena onde a Solidão abraçava a Melancolia, fechando os olhos práquela cena tão íntima... Vi que chovia...Chovia forte, o vento uivava em mim, prá mim, comigo. Uma chuva torrencial, providencial, uma tempestade necessária. Não prá lavar, mas prá fazer alagar, inundar, transbordar o que guardei lá no fundo, no afã de sobreviver e não viver...
A Dor entrou em cena quando a Melancolia falava sobre como ela gostaria de receber em troca um sorriso daqueles que a gente estende debaixo das mangueiras em fim de domingo e deita sabe?
Dor continuou tomando a cena prá ela enquanto falava de como um colo sazonal lhe faria bem...um fôlego de carinho, tão necessário...
Ah...como apertei minhas mãos com força quando a Solidão chorou em mim. Como me senti sozinhamente sozinha...Nunca quis tanto a sombra amiga em meio ao sol da rotina, da mesmice, do tão somente sobreviver...uma palavra afável, um consolo desinteressado...no meio do turbilhão-limite das 24 horas que temos prá não ouvir "Game Over" ao fim do dia.
Não foi o melhor filme, foi a melhor espiadela no espelho que já dei...
Descobri que o que preciso, vindo ou não...é meu objetivo.
Plenitude será estrela do meu próximo filme...cachê alto, como os meus sonhos...

Ela...

Algumas pessoas sabem. Outras não. Outras tantas sabem, mas não gostam de saber, ou fingem não saber. Mas há as que sabem, fazem de conta que não, mas adoram.
Ela. Ela não está em categorias.
Ela não tem classe...nem gênero...ela tem presença. 
É contrastante...ela e os outros...
Mas ela sabe, sem saber, que faz bem o que faz.
Ela sabe fazer falta, sem sumir.
Sabe estar com você como ninguém.
Sabe também deixar você saber que ela não gosta de publicidade. Gratuita ou não.
Sabe estar ali, bem ali ó...na hora certa.
Ela sabe como fazer você esperar por ela, sem te pedir isso...
Sabe agradecer sem dizer nada...
Sabe ficar brava e me fazer rir mesmo assim...e rir de quando estou brava.
Sabe que "desculpa" tem um valor enorme! E que "gosto de você" não tem preço! E nunca, nunca diz nenhuma das duas coisas em vão.

Sabe ouvir. Ah...isso ela faz como ninguém. Sabe que, num mundo onde tantos sentimentos tem prazo de validade, o não-perecível é raro; e ela traz em si algo raro!
Ela sabe que não precisa explicar, nem pede explicações (só quando uma de nós não entende nada...acontece né?).
Alguém (ela, claro...) disse: "Basta estar aqui." E eu me dei conta de como isso é verdade, e faz diferença...e faz falta...e faz sentido. Falei prá você que ela sabe...

Ela sabe dos defeitos (dos dela e dos meus...); mas prá quê falar deles? Tiraria o emprego de tantos psicólgos e psiquiatras e ex-maridos...Sabe que nada, nada é mais importante do que falar a verdade, ser sincera...
Sabe ficar brava...e sabe com o quê.
Ela sabe, ela tem a manha de ser importante. Mas ela não gosta. Desapego é fundamental. Sei...
Sabe que é dela que falo, mas se eu falar que é dela...aí dá briga. Não falo e ponto. Basta que ela saiba. É prá ela mesmo. Não prá você que está lendo...Você é efeito colateral do texto. É impossível falar dela sem que você leia. Garanto que você leu e pensou "Sei quem é." Sabe nem.... Ela sabe!
Ah...ela também sabe que hoje é hoje e ser hoje faz diferença...porque "sempre não é todo dia", mas neste caso...todo dia tem sido muito, muito bom por causa dela.
E como ela também sabe que eu sei que ela vai brigar se o texto se prolongar...limito-me a dizer...que descobri uma coisinha só que ela não sabe (Há!).
Ela não sabe...que como na música "respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada"...e a minha é diferente das outras quando ela está por perto...

     Dias de mudança. Casa nova, caixas por todo lado.
     Dizem que encaixotei minha vida.Não!
     Eu embalei tudo o que havia nela.Como embalo cada sentimento novo que nasce em mim. Embalei, acalentei, como tudo que nela me embalou em momentos específicos, e por isso mesmo, eternos!
Entendi que o que tenho cabe em caixas. Montes delas. Mas que nada, ângulo algum formaria algo que me contivesse, que me coubesse.
     O que me veste cabe em caixas; numa tentativa vã de fazer com que algo meu, mesmo que externo, possa ser contido.
As mudanças, de qualquer natureza, são lindas! São como ver lá de dentro do casulo o mundo que espera a borboleta. Reorganizar, repensar, rever...
     Qualquer mudança traz outras; é um ciclo infindável e maravilhoso. Mudar de casa te mostra outras mudanças. Sutis, pequenas, mas que te mostram como tudo gira e em uma velocidade que às vezes assusta; às vezes delicia.
     Clarice Lispector disse "Que medo alegre. O de te esperar." É um frio na barriga gostoso de não saber bem como vai ser, mas que vai ser lindo de qualquer forma. Será delicioso ver sua vida tomar outra forma, sem transformar o conteúdo, a essência do que somos. 
     Saber do que somos feitos face às oportunidades que surgirão, advindas da decisão de mudar!
     Mudar não é uma arte. A arte está no que você faz depois de mudar. A decisão é rápida. Como encaras as consequências é que faz de você um artista que pincela cada minuto de sua vida pós-mudança...
     Acordar de manhã e pensar que muita coisa será diferente naquele dia e...sorrir ao dar bom dia ao dia, palco de tudo que tomará lugar naquelas horas novas tão suas!
     Ah...se um sorriso meu de bom dia dado ao dia coubesse em saquinhos!       Seriam amostras grátis de felicidade!
     Sinto muito, a felicidade; assim como eu, se nega a se deixar fechar, ainda  que com fita de cetim e distribuída à qualquer transeunte...
     

Ensaio sobre o bom senso


     O que sabemos hoje do "politicamente correto" é a deturpação do antigo Bom Senso. Viramos de cabeça prá baixo o que era sensato e quando digo "viramos", é em decorrência de uma aceitação massiva e silenciosa por parte das gerações que deveriam ter levantado a voz contra a insensatez que permeia as regras do "politicamente correto". Não fomos contra e agora temos duas vertentes. Os que acham o politicamente correto inteiramente ridículo e agem como politicamente incorretos como forma de mostrar sua opinião e os que aceitaram suas regras e são "corretinhos", para não perderem tempo com discussões infrutíferas (aliás, eu adicionaria esta discussão ao grupo do sexo, futebol e religião). 
     Optei um dia de certa forma e continuo a agir desta forma. Se preciso escolher entre "gay", "viado"  ou homossexual; por que raios eu preciso me meter com a sexualidade de alguém? Não preciso chamar de nada! Preciso sim, cuidar da minha (vida, não sexualidade - embora seja boa idéia). Se for necessário falar sobre "putas" ou "profissionais liberais da área de entretenimento sexual", por que não me ocupar de algo válido, como as compras do mês ou do dever de casa da minha filha?
Se nos esforçamos tanto para afirmar que não somos rotuláveis, porque rotular? Bonitinho ou não, o termo seria certamente desnecessário, se estivéssemos cuidando de nossas vidas...
    Mas é claro, minha opinião veio da educação que recebi de meus pais, que me ensinaram que rir de alguém por determinada característica ou algum fato isolado é não ter mesmo algo melhor prá fazer. Um dia escutei de uma grande amiga que eu conto demais minha vida, que falo muito de mim e assim me exponho. Meu argumento foi claro e sem delongas: eu prefiro ME expor a expor alguém. Prefiro falar de mim a falar dos outros. Minha vida tem coisas incríveis, engraçadas, tristes por vezes (raras). Prá quê eu falaria de outra pessoa, principalmente na ausência desta pessoa?
     O politicamente correto tem lá raízes bem intencionadas (as que restaram do bom senso), embora os defensores ferrenhos nem saibam que há coisas boas lá. Não defendo o politicamente correto. Defendo antes, o bom senso, a sensatez, a educação e a delicadeza no trato com qualquer ser.
    Ser delicado é brega? Não ofender (nem sei mais o que ofende ou não!) é ser boazinha demais?
    Fico sendo a boazinha brega, mas não por ser politicamente correto, mas por fazer parte do bom senso e da delicadeza que deveria ser inerente ao ser humano.

Desequilibrado equilíbrio

Não venho sempre,
Mas te vejo sempre
A teorizar sobre a ascensão


E eu que sou toda teoria
Que sou toda a teoria
Que me encho de teoremas
E me extravaso em práticas


Praticamente só teorizadas
Deliciosamente praticadas
Enquanto pregas o equilíbrio...
Me desequilibro na corda bamba do que sinto


Que o meu pecado é o excesso das práticas
E as teorias de menos...

       Adoro admitir meus enganos (salvo alguns, é claro - como quando bati o pé e disse que meu cabelo ficaria bem pintado de vermelho). Acho delicioso me ver contrariada de forma a ficar sem argumentos. Um dia alguém me disse que eu nunca dava o braço a torcer. Não é verdade (claro que não!). Dê-me um argumento forte o suficiente e eu dou sim! Entre um copo de vinho e outro confesso meu engano, admito meu erro e deixo você dirigir na volta.

                 Já fui tão Clarice que me tornei um tanto Caeiro.  
             O que irrita o meu Caeiro é saber que Clarice jamais se foi de mim. À ele disse que sossegasse, haja vista minha alma ser colorida, haverá, por certo, um lugar para o sóbrio. Que o ébrio também dorme, de alegria ou cansaço.
             E ao invés do ressonar leve de Clarice, ouvimos um risinho complacente...

Um dedinho de carinho

      E ela tem um vestidinho estampado...desses que elas só usam em casa e tem cheiro de depois do amor...e senta no tapete da sala com uma long neck e de pernas cruzadas “de índio” como ela diz... E fica vendo os CDs e em algum canto o poeta canta baixinho... O cabelo mal preso em um coque...os fios escapando e caindo pelo pescoço tão graciosamente quanto um beijo meu. E ela me vê chegar, sorri e diz...”Que bom que você chegou”.
      E eu percebo que o dia pode terminar bem ali...e eu seria o homem mais realizado da face da Terra.
      Porque a estampa do vestidinho dela coloriu o que o dia lá fora não quis colorir...
      

Ensaio sobre o ciúme...


Estava bem ali, sentadinha observando com atenção a passagem dos anos...e das pessoas...e das pessoas que carregam os anos como fardos...

Mas as que mais me chamarama atenção foram aquelas pessoas que carregam seus sentimentos por outras pessoas como fardos...
Como se terem gostado de alguém fosse algo a suportar pelo resto da vida...e o que é pior...ser algo a manter em destaque para sempre...
Seja o amor ou a amizade, acho incrível a propensão das pessoas a pensarem que ser é ter.
Ah, mas só posso falar por mim...Porque quando eu digo que amo ou gosto é de verdade...Não acaba no primeiro desentendimento. O verbo prá mim é aguardar, não imediatizar.
Sendo assim, quando  alguém diz ou mostra que gosta, ou ama...eu entendo, fico grata pelo reciprocidade. Feliz mesmo!!
Poxa! Vc é querido! É amado! E ainda assim precisa que a pessoa reafirme isso todos os dias? Pra todo mundo? Tem que fazer saber, pelo Diário Oficial da União que você é o(a) tal?
Isso é a prova cabal da sua incapacidade de cativar continuamente por você mesmo. Precisa do assentimento da pessoa em questão para saber se fez um bom trabalho gostando dela. Isso vem de você! É você quem sabe se deu o seu melhor ou não!
Daí sem perceber nem, você começa a achar que aquele bom dia pro colega da mesa ao lado foi demasiado alegre... Que alguém falou demais na vizinha que se mudou agora... Que seu telefone nem tocou hoje?? Como assim? Que absurdo? O mundo não gira ao seu redor? Pasmem!
Sabe o que é o ciúme?
A incapacidade de ter por suficiente o pedacinho no coração que nos é dado... O ciúme é o cabinho verde do morango. Com gosto de mato, áspero, que vai fora...mas grudado, inerente; nada doce...
O ciúme cobra, reivindica, suga...
A insegurança exaure, estremece, desestabiliza...

Pense bem: como você poderia se apegar tanto à alguém que só tem capacidade de gostar muito de você? Que não consegue, como você, dividir seu amor e multiplicar com os que te rodeiam? Você ama somente uma pessoa? Gosta de um só parente seu? Qual é a obrigação moral de algém de gostar ou amar somente você?!

Particularmente, acho o ciúme parecido com meus credores...e eu não simpatizo com nenhum deles...


Brasília


Escrito em Agosto de 1996, eu então ainda não sabia que regressaria à Brasília...hj a vejo com olhos um tantinho diferentes...mas bem tantinho...

É a capital da esperança....Brasília que tira...
Tira gente do sertão que vem pra ser feliz...
Tira o sono do cidadão com a política infeliz...
É um liquidificador que não faz vitamina...
Mas que tira as forças de quem volta em pé no ônibus.

Que dá alento na visão da catedral...
Na certeza da Esplanada...
Que aumenta a confiança...que se esvai em seis meses de fome...

Que te faz sentir o gosto da poeira nas satélites mal cuidadas...
Que te faz pisar os esgotos dos hotéis do entorno...

Brasília que tem o rosto cansado as seis da tarde;
Que pensa nos filhos que precisam de calçados,
Que tem sotaque daqui mesmo...
Pois sua identidade é não ter uma...
Mas ter sonhos que vieram de todos os cantos do país.


Brasília que te mostra do que você é feito...
Se agüenta o tranco...
Se acorda amanhã,
Ou se foge pra dentro de você mesmo...
E deixa o corpo ir sozinho para a luta.

Brasília que tem acarajé e carne de sol,
E carne de menina nas ruas da vida,
E carne de garotos nas bocas de fumo.

Brasília que me deixava louca de saudades e fascínio...
E agora me faz chorar...
Porque Brasília é mais bonita quando se tem 9 anos.

Começo de namoro...


           Começo de namoro é sempre um mar de rosas. Ela sempre ri das coisas engraçadas que você diz e você sempre acha o perfume dela estonteante. Cada encontro é o primeiro, a respiração fica difícil e cada beijo é como se vocês respirassem um ao outro. Ah! Cada encontro das bocas consome mais energia que a hidrelétrica de Itaipu, claro, nos tempos de crise. Ela sempre aparece com uma blusa nova e o decote sempre traz um suspiro novo. Você tem sempre o cuidado de não esquecer de usar o perfume que ela gosta e faz a barba diariamente.
            Começo de namoro significa que você esquece de calcular o orçamento do mês e, olha aí, entrou no cheque especial com tantos jantares e barzinhos de fim de tarde. Mas quando ela entra no carro, você esquece de tudo isso e pensa que a vida é cada momento e o decote desta vez promete um momento melhor ainda!
            Ela conta as horas pra ter ver e dispensa as amigas no sábado à tarde porque não quer se cansar! Sem você saber, é claro, já planeja a maquiagem, a roupa e pensa se deve ou não se depilar, nunca se sabe né? Você não sabe como as mulheres sofrem quando estão no começo do namoro!
            Mas...Tem sempre um mas! Dois ou, com sorte, três meses depois as coisas mudam.
            Você começa a se incomodar com os gastos com aquela pessoa que usa um perfume forte demais e insiste em te chamar se "honey", com um sotaque péssimo (você que achava um charme ela não saber inglês direito!). E os decotes já não parecem tão suspirosos, ei! Acho que já vi essa blusa antes (que certamente ela já usara, mas no começo do namoro, quando tudo o que você percebia era o sorriso dela)! E nesse sorriso você já percebe um dente mais separado do outro e isso lhe parece feio. Isso aí na lateral é um canal mal feito?
            Os beijos escasseiam e a respiração ainda está difícil, mas por causa daquele perfume forte e enjoativo! Aliás, você começa a perceber que o beijo já não tem mais aquele encaixe perfeito e que ela saliva demais!
            Mas, não se engane! Ela também começa a perceber que, ao invés do príncipe, ela começou a namorar o cavalo branco...Branco demais até! Não pega um sol de vez em quando?!
Ela conta os dias pra não ter ver porque, venhamos e convenhamos, depilação toda semana é uma tortura pela qual nem os prisioneiros de Sing Sing passaram. E as amigas dela começam a reclamar e ela começa a chamá-las para sair junto com vocês porque assim você a beijará menos.
            Os encontros se tornam raros, e ela até já reparou que odeia o modelo de cuecas de você usa, mas você não percebe isso porque está reparando que ela tem joanetes. Acha irritante a maneira como ela controla seu tempo e te faz ligar de vez em quando para dizer onde está e que, sim, não se preocupe, estarei no escritório pela manhã amor. Isso quando ela não liga pra você e pergunta: - Que barulho é esse? Onde você está? Quem está aí?
            Faça o teste amigo. Procure se lembrar de algo engraçado que você disse no começo do namoro e que fez com ela risse até os olhos se encherem d'água. Diga novamente algo parecido. Se ela criticar ou disser que discorda da sua opinião, ou pior, achar que é uma indireta ao relacionamento de vocês, é a sua deixa: saia correndo, troque o celular, peça asilo em outro país. É o fim. Porque ela vai ser mais sua mãe do que sua namorada, e nesse caso, nem Édipo sobreviveria.

Confesse


Não consegui desfazer o laço...
Nem desgostar do teu gosto...


Não dá prá deschorar uma lágrima...
E destocar teu toque? Nem tentei...


Deslembrar sua voz...
Desmembrar a foz...
E desaguar em outro sentimento.


Dessentir...sem mais nem menos...
Ou dissecar o riso esperando lamúrios talvez amenos...
Vencido pelo cansaço...pela desesperança...pelo descrédito...pelo desamor...


Desfazer as malas...e desarrumar a cama...
Destoar do resto que não é você...


Não era "confesse"...era confesso.
Mas confesse...você já sabia disso.

 

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