DeTUDO...MUITO
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     Dias de mudança. Casa nova, caixas por todo lado.
     Dizem que encaixotei minha vida.Não!
     Eu embalei tudo o que havia nela.Como embalo cada sentimento novo que nasce em mim. Embalei, acalentei, como tudo que nela me embalou em momentos específicos, e por isso mesmo, eternos!
Entendi que o que tenho cabe em caixas. Montes delas. Mas que nada, ângulo algum formaria algo que me contivesse, que me coubesse.
     O que me veste cabe em caixas; numa tentativa vã de fazer com que algo meu, mesmo que externo, possa ser contido.
As mudanças, de qualquer natureza, são lindas! São como ver lá de dentro do casulo o mundo que espera a borboleta. Reorganizar, repensar, rever...
     Qualquer mudança traz outras; é um ciclo infindável e maravilhoso. Mudar de casa te mostra outras mudanças. Sutis, pequenas, mas que te mostram como tudo gira e em uma velocidade que às vezes assusta; às vezes delicia.
     Clarice Lispector disse "Que medo alegre. O de te esperar." É um frio na barriga gostoso de não saber bem como vai ser, mas que vai ser lindo de qualquer forma. Será delicioso ver sua vida tomar outra forma, sem transformar o conteúdo, a essência do que somos. 
     Saber do que somos feitos face às oportunidades que surgirão, advindas da decisão de mudar!
     Mudar não é uma arte. A arte está no que você faz depois de mudar. A decisão é rápida. Como encaras as consequências é que faz de você um artista que pincela cada minuto de sua vida pós-mudança...
     Acordar de manhã e pensar que muita coisa será diferente naquele dia e...sorrir ao dar bom dia ao dia, palco de tudo que tomará lugar naquelas horas novas tão suas!
     Ah...se um sorriso meu de bom dia dado ao dia coubesse em saquinhos!       Seriam amostras grátis de felicidade!
     Sinto muito, a felicidade; assim como eu, se nega a se deixar fechar, ainda  que com fita de cetim e distribuída à qualquer transeunte...
     

Ensaio sobre o bom senso


     O que sabemos hoje do "politicamente correto" é a deturpação do antigo Bom Senso. Viramos de cabeça prá baixo o que era sensato e quando digo "viramos", é em decorrência de uma aceitação massiva e silenciosa por parte das gerações que deveriam ter levantado a voz contra a insensatez que permeia as regras do "politicamente correto". Não fomos contra e agora temos duas vertentes. Os que acham o politicamente correto inteiramente ridículo e agem como politicamente incorretos como forma de mostrar sua opinião e os que aceitaram suas regras e são "corretinhos", para não perderem tempo com discussões infrutíferas (aliás, eu adicionaria esta discussão ao grupo do sexo, futebol e religião). 
     Optei um dia de certa forma e continuo a agir desta forma. Se preciso escolher entre "gay", "viado"  ou homossexual; por que raios eu preciso me meter com a sexualidade de alguém? Não preciso chamar de nada! Preciso sim, cuidar da minha (vida, não sexualidade - embora seja boa idéia). Se for necessário falar sobre "putas" ou "profissionais liberais da área de entretenimento sexual", por que não me ocupar de algo válido, como as compras do mês ou do dever de casa da minha filha?
Se nos esforçamos tanto para afirmar que não somos rotuláveis, porque rotular? Bonitinho ou não, o termo seria certamente desnecessário, se estivéssemos cuidando de nossas vidas...
    Mas é claro, minha opinião veio da educação que recebi de meus pais, que me ensinaram que rir de alguém por determinada característica ou algum fato isolado é não ter mesmo algo melhor prá fazer. Um dia escutei de uma grande amiga que eu conto demais minha vida, que falo muito de mim e assim me exponho. Meu argumento foi claro e sem delongas: eu prefiro ME expor a expor alguém. Prefiro falar de mim a falar dos outros. Minha vida tem coisas incríveis, engraçadas, tristes por vezes (raras). Prá quê eu falaria de outra pessoa, principalmente na ausência desta pessoa?
     O politicamente correto tem lá raízes bem intencionadas (as que restaram do bom senso), embora os defensores ferrenhos nem saibam que há coisas boas lá. Não defendo o politicamente correto. Defendo antes, o bom senso, a sensatez, a educação e a delicadeza no trato com qualquer ser.
    Ser delicado é brega? Não ofender (nem sei mais o que ofende ou não!) é ser boazinha demais?
    Fico sendo a boazinha brega, mas não por ser politicamente correto, mas por fazer parte do bom senso e da delicadeza que deveria ser inerente ao ser humano.

Desequilibrado equilíbrio

Não venho sempre,
Mas te vejo sempre
A teorizar sobre a ascensão


E eu que sou toda teoria
Que sou toda a teoria
Que me encho de teoremas
E me extravaso em práticas


Praticamente só teorizadas
Deliciosamente praticadas
Enquanto pregas o equilíbrio...
Me desequilibro na corda bamba do que sinto


Que o meu pecado é o excesso das práticas
E as teorias de menos...

       Adoro admitir meus enganos (salvo alguns, é claro - como quando bati o pé e disse que meu cabelo ficaria bem pintado de vermelho). Acho delicioso me ver contrariada de forma a ficar sem argumentos. Um dia alguém me disse que eu nunca dava o braço a torcer. Não é verdade (claro que não!). Dê-me um argumento forte o suficiente e eu dou sim! Entre um copo de vinho e outro confesso meu engano, admito meu erro e deixo você dirigir na volta.

                 Já fui tão Clarice que me tornei um tanto Caeiro.  
             O que irrita o meu Caeiro é saber que Clarice jamais se foi de mim. À ele disse que sossegasse, haja vista minha alma ser colorida, haverá, por certo, um lugar para o sóbrio. Que o ébrio também dorme, de alegria ou cansaço.
             E ao invés do ressonar leve de Clarice, ouvimos um risinho complacente...

Um dedinho de carinho

      E ela tem um vestidinho estampado...desses que elas só usam em casa e tem cheiro de depois do amor...e senta no tapete da sala com uma long neck e de pernas cruzadas “de índio” como ela diz... E fica vendo os CDs e em algum canto o poeta canta baixinho... O cabelo mal preso em um coque...os fios escapando e caindo pelo pescoço tão graciosamente quanto um beijo meu. E ela me vê chegar, sorri e diz...”Que bom que você chegou”.
      E eu percebo que o dia pode terminar bem ali...e eu seria o homem mais realizado da face da Terra.
      Porque a estampa do vestidinho dela coloriu o que o dia lá fora não quis colorir...
      

Ensaio sobre o ciúme...


Estava bem ali, sentadinha observando com atenção a passagem dos anos...e das pessoas...e das pessoas que carregam os anos como fardos...

Mas as que mais me chamarama atenção foram aquelas pessoas que carregam seus sentimentos por outras pessoas como fardos...
Como se terem gostado de alguém fosse algo a suportar pelo resto da vida...e o que é pior...ser algo a manter em destaque para sempre...
Seja o amor ou a amizade, acho incrível a propensão das pessoas a pensarem que ser é ter.
Ah, mas só posso falar por mim...Porque quando eu digo que amo ou gosto é de verdade...Não acaba no primeiro desentendimento. O verbo prá mim é aguardar, não imediatizar.
Sendo assim, quando  alguém diz ou mostra que gosta, ou ama...eu entendo, fico grata pelo reciprocidade. Feliz mesmo!!
Poxa! Vc é querido! É amado! E ainda assim precisa que a pessoa reafirme isso todos os dias? Pra todo mundo? Tem que fazer saber, pelo Diário Oficial da União que você é o(a) tal?
Isso é a prova cabal da sua incapacidade de cativar continuamente por você mesmo. Precisa do assentimento da pessoa em questão para saber se fez um bom trabalho gostando dela. Isso vem de você! É você quem sabe se deu o seu melhor ou não!
Daí sem perceber nem, você começa a achar que aquele bom dia pro colega da mesa ao lado foi demasiado alegre... Que alguém falou demais na vizinha que se mudou agora... Que seu telefone nem tocou hoje?? Como assim? Que absurdo? O mundo não gira ao seu redor? Pasmem!
Sabe o que é o ciúme?
A incapacidade de ter por suficiente o pedacinho no coração que nos é dado... O ciúme é o cabinho verde do morango. Com gosto de mato, áspero, que vai fora...mas grudado, inerente; nada doce...
O ciúme cobra, reivindica, suga...
A insegurança exaure, estremece, desestabiliza...

Pense bem: como você poderia se apegar tanto à alguém que só tem capacidade de gostar muito de você? Que não consegue, como você, dividir seu amor e multiplicar com os que te rodeiam? Você ama somente uma pessoa? Gosta de um só parente seu? Qual é a obrigação moral de algém de gostar ou amar somente você?!

Particularmente, acho o ciúme parecido com meus credores...e eu não simpatizo com nenhum deles...


Brasília


Escrito em Agosto de 1996, eu então ainda não sabia que regressaria à Brasília...hj a vejo com olhos um tantinho diferentes...mas bem tantinho...

É a capital da esperança....Brasília que tira...
Tira gente do sertão que vem pra ser feliz...
Tira o sono do cidadão com a política infeliz...
É um liquidificador que não faz vitamina...
Mas que tira as forças de quem volta em pé no ônibus.

Que dá alento na visão da catedral...
Na certeza da Esplanada...
Que aumenta a confiança...que se esvai em seis meses de fome...

Que te faz sentir o gosto da poeira nas satélites mal cuidadas...
Que te faz pisar os esgotos dos hotéis do entorno...

Brasília que tem o rosto cansado as seis da tarde;
Que pensa nos filhos que precisam de calçados,
Que tem sotaque daqui mesmo...
Pois sua identidade é não ter uma...
Mas ter sonhos que vieram de todos os cantos do país.


Brasília que te mostra do que você é feito...
Se agüenta o tranco...
Se acorda amanhã,
Ou se foge pra dentro de você mesmo...
E deixa o corpo ir sozinho para a luta.

Brasília que tem acarajé e carne de sol,
E carne de menina nas ruas da vida,
E carne de garotos nas bocas de fumo.

Brasília que me deixava louca de saudades e fascínio...
E agora me faz chorar...
Porque Brasília é mais bonita quando se tem 9 anos.

 

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