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Da cor errada! (05/09/12)

    Ela abriu os olhos e se assustou. Não eram as cores de sempre...estava tudo meio cinza e tinha um amarelo ali que ela não se lembrava de ter colocado em sua vida...
    Se leu de novo e ficou triste com tantas palavras que era de outras pessoas, com tanto sentimentos verde-musgo. Desceu da nuvem e se irritou por não ver os chinelos onde havia posto ontem. Mas mesmo ontem ela não era assim, quem sabe o

s chinelos faziam parte só de ontem?? Ficou irritada por se irritar e até isso conseguiu irritá-la de novo.
    Lembrou. Foi isso! Estava explicado. Foi enquanto dormia que tudo mudou e ela não tinha visto. Foi quando o coração dormia abrigadinho da vida lá fora... Foi-se mais uma vez e ela pensou que de nada adiantava mais ser como era. O coração foi ficando assim...cinza...cansado...amargo...indo...ind...in...i...
    Ficou feia por dentro... gritou prá dentro que não se apegaria, não alimentaria expectativas, não se importaria mais. Funcionou. Por 5 minutos.
    Ficou brava com ela. Não dava mais prá ser assim. Seria do avesso. Olharia de cima, pisaria na dor que sentia, nas cores que era. Sorriria de escárnio. Alimentaria frustrações alheias e informações inúteis sobre pessoas que agora seriam inúteis. Diria que tudo era melhor assim, que estava mais leve assim. E afundou no peso que tinha tudo aquilo.
    Ficou sem ar chamando-se de volta. Não!! Queria ser como era. Sorrir prá ela mesmo, cantar alto batucando no volante, fazer compras falando sozinha no mercado. Dar bom dia e perguntar “Tudo bom?” pro rapaz da loja de carros lá embaixo e ficar feliz por ter feito isso. Volta aqui! Ela era linda daquele jeito. Ela ria até quando machucava e quando tinha trânsito, ela aumentava o som e retocava o batom.
    Não queria aquilo não. Tomou banho e fechou os olhos apertando bem forte. Abriu. Não, tava cinza ainda...      Ela tentou de noite, quando o grilo cantou lá fora...pensou pensou e grilou com o grilo...sinal de que tava cinza ainda.
    E o amarelo lá no canto era algo envelhecendo...fruta que não foi colhida, cheiro de "não estou mais boa prá comer".
    Contou prá a amiga que ser como ela era antes não significa que era tola ou crente demais nas pessoas. Ela era crente sim. Mas nela mesma e na capacidade enorme que tinha de amar e de se doar e pensar que tudo deveria ser como o cheirinho do lençol com o cheiro de quem foi amado demais...
    Contou com a voz engasgada que ela precisava voltar. Não no tempo, mas nela mesma! Que ela não amava a pessoa que se tornara e que mesmo que tudo o que houve a tivesse deixado assim, ela não era assim! Subiu de novo na nuvem que fora ela toda e sempre...
    Fechou os olhos...torcendo prá acordar de novo colorida...






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